Relato da campanha Finisterra T02E32 [15/05] 📝
Subterrâneo do Castelo
Eu, Sardinha, me reuni em uma manhã ensolarada com Gauss, Antenor, Cleribaldo e Belomonte para mais uma expedição aos ermos. Naquela manhã, eu não podia imaginar o que me aconteceria naquela viagem. Partimos da vila dos biltres para acompanhar os trabalhadores contratados por Mirtes para a expansão da estrada da Estrela da Manhã.
O trabalho foi tranquilo, salvo por um grupo de zumbis que nos encontrou na altura da bifurcação do rio, mas que foram prontamente expulsos pelos clérigos que nos acompanhavam. Em poucos dias os trabalhadores avançaram com a estrada até o fosso do Castelo Ratimpedra. Decidimos aproveitar a viagem para avançar no mapeamento da construção.
Belomonte ficou acompanhando os operários, acampados diante do fosso, e eu, Gauss, Antenor e Cleribaldo entramos no castelo e fomos direto até o terceiro andar, onde mapeamos todo o lado direito. Seguindo para a parte oriental da fortaleza, enfrentamos o escorpião gigante preso na torre oeste. Porém, assim que derrotamos a criatura, um grupo de cães infernais pegou nosso faro e nos localizou. Tivemos que trancar a porta da torre por dentro, fazendo com que a escada descendente fosse nossa única saída.
Vocês devem se lembrar que no primeiro andar dessa torre, a escada está quebrada e o chão coberto por uma lâmina de água fedorenta e avermelhada. Mas há ali também uma rachadura na parede que dá acesso ao primeiro andar. Por isso, descemos com cuidado para o chão alagado. A água poluída não nos causou mal, mas tivemos que enfrentar uma lacraia gigante que fazia do local seu ninho. Quando nos preparávamos para seguir caminho, notamos uma pequena entrada em meia lua próxima ao chão, por onde a água fétida entrava.
Nos esgueiramos por ali e encontramos um túnel baixo que logo deu acesso a uma pequena câmara alagada com uma porta de ferro à nossa frente. Com grande esforço abri a porta. A água que nos cercava jorrou pra fora, e nos vimos em uma floresta subterrânea de árvores estranhas. À nossa frente se abria uma pequena trilha, que seguimos por um tempo, até chegarmos a uma clareira. No centro da abertura havia um altar encimado por uma estátua demoníaca. No lugar havia duas safiras que brilhavam atiçando nossa cobiça. Me aproximei com cuidado e senti a aura mágica do altar arrepiando os pelos da minha nuca. Recuei.
Então amarrei uma corda na minha cintura e entreguei a ponta pra o elfo Gauss e seu contratado Antenor segurarem. Me aproximei novamente do altar, dessa vez levando o meu corpo para além dos limites daquela aura diabólica. A poucos passos do altar perdi o controle do meu corpo e avancei de mãos limpas em direção às safiras. Meus companheiros perceberam a mudança na minha disposição e me puxaram de volta, antes que o pior acontecesse.
Tentamos a mesma estratégia ainda duas vezes, na esperança de conseguir resistir à influência do altar. Porém, na terceira tentativa o pior aconteceu. Dessa vez, quando caí sob o encanto das safiras, Gauss, Antenor e Cleribaldo tentaram me segurar, mas eu fui mais forte e puxei os três para perto do altar. Antenor e Cleribaldo foram imediatamente paralisados pelo altar. Gauss resistiu ao efeito da aura, mas só pôde observar enquanto eu tomava as safiras nas mãos e as engolia. Senti a dor excruciante das jóias queimando meu corpo por dentro. Eu estava consciente o tempo todo.
Vi quando a criatura usou minha boca para falar aos meus companheiros, já então libertos do feitiço das jóias. Vi quando Gauss mandou seus cães de guerra avançarem e correu em fuga com Cleribaldo e Antenor. Vi quando minha espada atingiu os pobres cães. Felizmente, os animais feridos conseguiram fugir.
O demônio que tomou meu corpo me levou então de volta pela trilha, em perseguição aos meus companheiros! Graças aos deuses, os aventureiros lembraram-se de trancar a porta de ferro que dava acesso ao castelo. O demônio bateu contra a porta, e eu ri, pois sabia que minha carne não teria chance contra o ferro fundido da porta. Mas o meu possuidor não se deteve por muito tempo. Diante dos meus olhos ele ergue minha mão e dela partiu um raio, que com grande estrondo destruiu a porta de ferro. Nesse instante perdi a consciência.
Acordei horas mais tarde, caído diante da ruína que era a porta. Corri em desespero pelo castelo e saí pelo portão para uma noite sem lua. Guiado pelo meu símbolo sagrado da Estrela-da-Manhã, corri pelos campos escuros até a Torre Rosa, onde os Salgados me deram guarida. Ali pernoitei e na manhã seguinte parti em uma mula que os mercenários me emprestaram.
Viajei até a vila morta, onde me abriguei pela noite. Ao amanhecer, quando me preparava para seguir viagem, uma pequena horda de zumbis saiu de dentro da floresta, atraída pela minha movimentação. Sozinho, decidi não enfrentá-los e me apressei para partir. Os zumbis me seguiram, mas não puderam acompanhar a velocidade da mula e ficaram vagando pela estrada.
Cheguei à Vila dos Biltres ao anoitecer daquele dia, a tempo de de compartir o butim com os aventureiros, que haviam chegado ilesos no dia anterior. Ainda naquela noite, tive pesadelos horríveis e acordei de madrugada, ouvindo a voz demoníaca do meu possuidor, relembrando que ele ainda estava ali.
Preciso buscar ajuda.
Sardinha, do porão da Frass.
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Finisterra é uma campanha de Hexcrawl que utiliza o sistema Caves & Hexes, inspirado no B/X de 1981. A campanha acontece nos estilo de Mesa Aberta (ou West Marches), o que significa que diversos grupos jogam no mesmo cenário compartilhado, as sessões acontecem via chamada e aqueles que puderem participar no dia formam um time e saem para exploração.
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